domingo, 8 de janeiro de 2012


Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho.
As belezas que se mostram sem fazer suspense.
As afeições compartilhadas sem esforço.
Às vezes em que a vida nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite.
As maravilhas todas da natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega apreciativa.
A compreensão que floresce, clara e mansa, quando os olhos que veem são da bondade.
Abençoados sejam os presentes fáceis de serem abertos.
Os encantos que desnudam o erotismo da alma.
Os momentos felizes que passam longe das catracas da expectativa.
Os improvisos bons que desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente.
Os diálogos que acontecem no idioma pátrio do coração.
Abençoada seja a leveza, meu Deus.
Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil.
Que amar e ser amado pode ser mais fluido.
Que dá pra girar o dial.
Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.
Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços.
Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos. Que dá pra mudar o foco. Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.

Ana Jácomo


domingo, 1 de janeiro de 2012



Na dúvida, faça.
O risco faz parte.
A graça está em tentar,
em vez de sentar e assisitr;
a vida está em esticar-se todo para atingir;
o mundo está
no desafio da interrogação.
E por que não?
Entre na festa,
Arranque a capa, morda a maçã.
Desate o cinto
Para voar livre pelo amanhã,
Ainda que ele seja um labirinto.
Deixe o id rolar
Cônscio e devoto.

Nessa arte viva de arriscar,
Pois que viver
Não é entrar no mar onde dá pé
Mas mergulhar com fé no maremoto.


Flora Figueiredo

O novo ano dorme tranquilo e sereno como um bebê bem alimentado.
Cuide de sua casa enquanto ele não acorda.
Faça um pouco de silêncio, respire fundo e baixe a luz.
Sintonize o coração com o melhor que está no ar.
Feche os olhos e saiba que está no universo e que a vida é um mar de boas possibilidades.
Calma! Ouça o respirar do ano que dorme, não o cutuque ainda.
Ninguém aguenta nascer antes do tempo.
Mature mais um pouco e aproveite, sem ansiedade, o agora.
E quando ele se mexer e começar a resmungar, abra seu melhor sorriso para recebê-lo.
Deixe-o amanhecer sem pressa, deixe-se amanhecer sem correria.
Respeite-se e não crie ilusões a seu respeito.
Então ele abriu os olhos, está desperto.
Está na hora de pegá-lo no colo e tirá-lo da inércia.
A vida vai recomeçar.
Sempre pode recomeçar.
Assim são as manhãs seguidas de longa escuridão,
Assim são os anos novinhos quando despertam de um sonho bem vivido.
Texto de Eliana Rigol