terça-feira, 24 de março de 2009



Estou sentado sobre a minha mala


Estou sentado sobre a minha mala,
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tão inútil e misteriosa escala!
Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... e afinal sem norte,
Como o velho Simbad de alma cansada,
Eu nada mais desejo, nem a morte...
Delícia de ficar deitado no fundo
Do barco, a vos olhar velas paradas!
Se em toda parte é sempre o fim do mundo,
Para que partir? Sempre se chega enfim!
Para que seguir empós das alvoradas,
Se, por si mesmas elas vêm a mim?

¬ Mário Quintana ¬


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