quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Nem velas nem molho branco


nem velas nem molho branco
hoje nosso jantar
acontece por baixo da mesa
desfias minhas pernas de seda
teu beijo promete mais tarde
jogo a toalha de renda no chão
me rendo ...


(de "Martha Medeiros")

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Lua e Sol



A Lua está brilhante, cheia
Quer ao Sol, impressionar
No Universo é cercada de astros
Mas só ao Sol, quer encantar...

A Lua é dengosa
Quer carinho e atenção
No Cosmos vai brilhando
E conquista a imensidão...

O Sol é o seu amado
Brilha para ele
Quer o Sol, seu farol
Para o seu mar de desejos
Aflorado...

Lua, Sol
Sempre enamorados
Um completa o outro
Em delírios apaixonados...


Tarde Demais...

A beleza e a tristeza da vida podem estar em situações como esta:
- descobrir, tarde demais, que se ama uma pessoa.
Pode acontecer até com quem está ao nosso lado neste instante.
Parece que é um amor morno e sem graça, e que se acabar,
tanto faz, e só daqui a muitos anos descobrir que nada era mais forte
e raro do que este sentimento.
Tarde demais é uma expressão cruel.
Tarde demais é uma hora morta.
Tarde demais é longe à beça.
Não é lá que devemos deixar florescer nossas descobertas.

(Martha Medeiros)

A Descoberta

Se o meu mundo não fosse humano, também haveria lugar para mim:
eu seria uma mancha difusa de instintos,
doçuras e ferocidades, uma trêmula irradiação de paz e luta:
se o mundo não fosse humano eu me arranjaria sendo um bicho.
Por um instante então desprezo o lado humano da vida
e experimento a silenciosa alma da vida animal.
É bom, é verdadeiro, ela é a semente do que depois se torna humano.


Clarisse Lispector